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Qual a relação entre a nutrição e a SOP?

Os diferentes “tipos” de SOP

A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é uma complexa desordem endócrina, reprodutiva e metabólica, que se apresenta de forma bastante heterogênea. As classificações atuais consideram o hiperandrogenismo (excesso de hormônios andrógenos), as disfunções ovulatórias (ciclos menstruais irregulares, usualmente com ausência de ovulação) e a presença de “cistos” nos ovários como os critérios que, combinados, originam os fenótipos da SOP.

Mulheres com o fenótipo clássico, são aquelas que apresentam a presença dos 3 critérios utilizados na classificação; o fenótipo ovulatório, por sua vez, é marcado pelo hiperandrogenismo e alterações morfológicas nos ovários, mas sem disfunções menstruais; já o fenótipo não-hiperandrogênico, é caracterizado pela existência dos cistos e irregularidades do ciclo menstrual, e por não possuírem excesso de hormônios andrógenos, as portadoras desse “tipo” de SOP não costumam possuir quadros de resistência à insulina (que apresenta forte associação com a estímulo excessivo androgênico).

A Síndrome dos Ovários Policísticos muito além do aparelho reprodutor

Complicações metabólicas importantes como a diabetes, dislipidemia, hipertensão e obesidade tem uma relação muito próxima com essa condição, por mais que ainda não haja um consenso sobre o sentido de causa e efeito.

A observação dessas correlações, teve um impacto muito grande no delineamento das atuais abordagens terapêuticas de primeira linha recomendadas para a condição, que, anteriormente, tinha o uso de anticoncepcionais como a forma mais utilizada de tratamento.

Nutrição avançada no manejo da SOP

Fatores de estilo de vida, como a dieta e prática de exercício físico, hoje figuram como as primeiras opções de tratamento para a patologia, atuando sobre a resistência à insulina e, consequentemente, sobre as disfunções endócrinas e reprodutivas. No contexto da SOP, a nutrição avançada deve levar em conta:

  • A promoção da perda de peso, em casos de sobrepeso e obesidade, já pode ter um efeito interessante sobre a melhora da função reprodutiva;
  • As refeições devem ser pensadas com priorização de alimentos in natura, com combinações que reduzam a carga glicêmica, sejam ricas em fibras e proteínas e uma proporção maior de gorduras insaturadas em relação às saturadas, devido ao possível efeito deletério do excesso destas últimas na progressão da resistência à insulina;
  • Mais uma vez, a vitamina D demonstra sua importância: além de possuir vias de sinalização que contribuem diretamente para ativação do gene do receptor de insulina, níveis adequados dessa vitamina-hormônio estão associados a um melhor perfil metabólico e níveis de SHBG em mulheres com SOP. Especialmente para aquelas que desejam engravidar, a sua suplementação pode ser uma estratégia importante a ser considerada, devido ao efeito anti-inflamatório e de redução do hormônio anti-mulleriano (secretado pelos folículos em desenvolvimento e cujo excesso está relacionado à Síndrome dos Ovários Policísticos);
  • Os fitoestrógenos da soja podem auxiliar no controle do hiperandrogenismo e a riqueza de antioxidantes presente no chá verde parece ter efeito benéfico na melhora da sensibilidade à insulina e consequente redução dos níveis de testosterona nesse público;
  • Cálcio, selênio, cromo e zinco são minerais que também demandam uma atenção especial nas mulheres com SOP. O cálcio apresenta importância no adequado desenvolvimento dos folículos ovarianos e, assim como o cromo, é necessário para uma ótima sinalização da insulina; selênio e zinco são potentes antioxidantes, e o estresse oxidativo é uma característica metabólica marcante nesse público;
  • Os isômeros de inositol (mio inositol e d-chiro inositol) representam um importante potencial terapêutico em mulheres com SOP devido aos efeitos de aumento da sensibilidade à insulina, indução da ovulação, melhora da qualidade dos oócitos e diminuição dos hormônios andrógenos. O mio inositol parece atuar mais diretamente no ambiente ovariano, aumentando a sensibilidade ao FSH, enquanto o d-chiro inositol reduz os níveis de insulina circulante ao melhorar a resposta a esse hormônio em tecidos responsivos, como o fígado e músculo. O aumento de SHBG parece ser o mecanismo responsável pela melhora do hiperandrogenismo. A terapia com taxas de 40:1 (mio inositol: d-chiro inositol) tem demonstrado os melhores efeitos, podendo o primeiro ser utilizado isoladamente, porém, o uso do d-chiro inositol deve ser feito sempre em doses mais baixas, devido à sua ação como inibidor da aromatase (e doses muito altas ou desacompanhadas do mio inositol podem acabar sendo deletérias para esse público, especialmente aquelas que já possuem perfil hiperandrogênico.